Uma dessas notícias é a publicada em 26 de setembro no Site G1 (
Setembro é o mês mais chuvoso de Porto Alegre em 107 anos, aponta Inmet | Rio Grande do Sul ), que mostra que este mês já é o mais chuvoso em 107 anos em Porto Alegre, capital gaúcha. A fonte da informação é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que aponta como maior índice desde 1916, quando a medição passou a ser registrada. Em 1941, a precipitação pluviométrica chegou a 405,5 mm e, em 2023, até o dia 26 de setembro, está em 413,8mm. As informações acabam deixando as pessoas apreensivas e o total de atingidos pelos desastres aumenta a cada dia.
O número de pessoas afetadas pelas enchentes tem se ampliado e uma das matérias que chama a atenção para isso é a publicada na Folha de São Paulo em 24 de setembro: Chuva: Registro de desastres foi recorde em 2022 no Brasil – 24/09/2023 – Ambiente – Folha (uol.com.br). Segundo dados da Defesa Civil Nacional, que dão origem a esse texto do jornal, as chuvas atingiram o maior índice em 2022, num período de dez anos. A matéria é muito bem elaborada e contém uma análise sobre o aumento de vítimas e a ligação com momentos em que ocorreram eventos extremos. Além disso, os jornalistas entrevistaram um professor da Universidade de São Paulo (USP), um meteorologista, o coordenador de articulação política da Frente Nacional dos Prefeitos eapresentaram dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), do Ministério da Ciência e Tecnologia, dentre outras fontes de informação. O texto é informativo, qualificado e um alerta que aponta, inclusive, que os dados de 2023 ainda não estão consolidados, mas que, pelo andar das coisas, é um ano em que alguns estados, especialmente o Rio Grande do Sul, vêm sendo destroçados pelo poder das chuvas intensas.
E não fomos avisados disto? Sim, fomos, pelos pesquisadores brasileiros e mundiais, pelos ambientalistas, há mais de 50 anos, e pela imprensa nas últimas décadas. Nesta matéria de março de 2023, de GZH (Qual a diferença entre El Niño e La Niña?), já haviam informações sobre as intercorrências causadas pelo La Niña e que o El Niño passaria a alterar os padrões climáticos neste ano, o que já havia sido anunciado em final de 2022 pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
Se, desde 2022, os anúncios foram feitos, de fato espera-se que não só os governos se preparem para a adaptação e mitigação da crise climática, mas também cada ser humano faça a sua parte. No momento atual, estamos vivenciando as mudanças climáticas, mas, na prática, nem criamos o diálogo e entendimento de que a Comunicação de Riscos é peça chave na gestão de risco em âmbito público, privado e governamental, e nem pensamos em estratégias para a adaptação e mitigação climáticas a curto, médio e longo prazo.
Há muito para fazer, mas o importante é arregaçar as mangas e começar a tratar e dialogar, de forma séria e centrada, sobre as mudanças climáticas, para dirimir as consequências avassaladoras para a vida na Terra.
Leia mais em: La comunicación del cambio climático, una herramienta ante el gran desafío.
* Texto produzido no âmbito do projeto de extensão "Observatório de Jornalismo Ambiental" por integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS). A republicação é uma parceria com o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS). Carine Massierer é jornalista, especialista em Marketing e mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS e integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS).